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Luiz Guilherme de Almeida
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O problema não está na base. Está na transição.
O problema não está na base. Está na transição.
Essa semana, tendo aquela resenha
com os companheiros, chegamos a uma pergunta que inquietou bastante: porque não
temos jogadores da base sendo aproveitados no Cruzeiro?
Amigos, devo lhes dar o contexto
do questionamento acima. Discutiamos a grandiosa “gentileza”que o Cruzeiro fez
ao Milan com a ida do goleiro Gabriel para a Itália, a preço de banana. Convenhamos;
aqueles que como eu acompanhavam o embrólio desde sempre, sabiam que o Cruzeiro
acabaria o perdendo por valores irrisórios. E não deu outra. €500.000 à pressas
para não o perder sem levar um tostão sequer.
Mas como sempre, existem dois
lados da história. Gabriel valorizou-se pela seleção sub-20 mas perambulava
entre a terceira e quarta opção no Cruzeiro. Sabendo de sua condição e valorização,
dificultou a renovação. Inúmeras vezes rejeitou as propostas por um novo
contrato, exigindo valores supostamente altos e não condizentes com a realidade
celeste. Não o culpo por querer maior espaço. Mostrou bastante potencial e não
se via valorizado, nem ao menos tendo um empréstimo em cogitação em todo seu
período na Toca. No final das contas preferiu cumprir seu contrato até o final
de forma honesta. E rendeu muito pouco aos cofres do clube do que poderia
eventualmente.
Gabriel foi apenas mais um
exemplo de péssimo manejo com uma situação que deveria ter sido resolvida de
outra forma. E o pior, o jogador é fruto da base cruzeirense que hoje já nos
confundimos ao dizer sua principal função. Afinal, ela até tem despontado bons
nomes, entretanto os mesmos pouco são utilizados pela equipe principal, que ano
após ano vem sendo entupida de jogadores com qualidade questionável e sem
sucesso.
Minha resposta para o
questionamento inicial foi simples. O Cruzeiro até revela, mas não faz uma
transição entre base-profissional de forma proveitosa. Os jogadores se destacam
mas são deixados de lado pelas comissões técnicas que passam por aqui, além de
parecer não contar com apoio e insistência da direção. Resultado: temos alguns
bons jogadores, que nos poderiam ser bastante úteis como opções, mas sem espaço,
são emprestados a todo momento, desligados do clube e raramente negociados.
Diagnosticado o problema, porque
não saná-lo? Bom, essa resposta eu não consegui formular de cara amigos, me
coloquei a refletir. Não sou daqueles românticos que acreditam que somente o
futebol da base resolveria nossos problemas, em uma ilusão e porque não, inveja
à outras equipes que assim fazem com enorme competência. Mas é inegável que
poderiamos e deveriamos aproveitar melhor os jogadores desenvolvidos aqui. Se o
trabalho nas categorias de baixo é bem feito como é alegado, teriamos totais
condições de aproveitar certos jogadores no time de cima, economizando milhares
de reais em salários astronômicos gastos em reservas dos reservas, que nunca
adicionaram nada na equipe.
Confesso que esperava mais da
gestão do Gilvan com relação a essa questão, haja vista que era uma de suas
promessas antes de ser eleito; trabalhar com as categorias de base e utilizar
jogadores formado pelo Cruzeiro. O fato do clube estar enfrentando dificuldades
financeiras deveria motivar mais a utilização do nosso produto interno visando primeiramente
viabilizar opções e em seguida valorizá-las.
Parafraseando a opinião do
zagueiro-escritor Paulo André, não acredito que os grandes clubes como o
Cruzeiro, tradicionais formadores devam parar de investir na base, mas reforço
o coro em dizer que devem focar suas forças para reverter a deficitária
situação atual. Definir uma filosofia de trabalho a longo prazo, conceituando
toda a estrutura, otimizando seus modelos, qualificando seus treinadores e
treinamentos, oferecendo uma formação completa ao individuo e, por fim,
atingindo algo próximo a 20 ou 25% de sucesso – o que significa aproveitar 20
ou 25% de jogadores oriundos da base no profissional. Esse deve ser o objetivo
no Cruzeiro, em qualquer lugar.
Exemplos dessa situação deficitária
são vários. Citanto apenas casos mais recentes, jogadores como Anderson Uchôa,
Gabriel, Gil Bahia, Gabriel Araújo, Eliandro, Léo Bonatinni e João Paulo se
destacam (aram) na base do clube mas simplesmente não são aproveitados em
setores que hoje clamam por melhores opções. Outros receberam poucas chances e são
colocados de lado, o que é insuficiente para consolidarem-se em qualquer
circunstância.
Se a transição entre
base-profissional não está sendo bem feita, ela há de ter um motivo para isso,
uma explicação. O que incomoda é perceber que não fazem muita questão de mudar o
quadro. Enquanto isso, continuamos sem ter uma presença maior de jogadores
formados pelo clube como opções. Optamos gastar cada vez mais em nomes incertos
que sugam nosso cofre e pouco fazem em campo.
Terminei o meu papo com os
companheiros respondendo que o problema não está na base cruzeirense em si,
pois talento pode ser trabalhado, ele existe. Está em como é feita a consolidação
de todo um investimento gasto e a aplicação do mesmo na equipe profissional. Acho
que é por aí.
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